Diante desses sentimentos, e da bola de neve que as dívidas estavam virando, Antônio Joaquim passou a evitar os jogos. Ele desinstalou os aplicativos e começou a limitar a quantidade de dinheiro que apostava. Hoje, seis meses depois desse choque de realidade, ele considera estar no controle da situação. “Continuo jogando, mas agora aplico valores baixos e não jogo todos os dias. Não estou mais como antes. Quando eu vi que estava tirando dinheiro da minha família para manter esse vício, decidi dar um basta e ser um novo homem”, complementa.
A psicóloga Ianny Luizy explica que o transtorno comportamental relacionado à compulsão por jogos gera sofrimento ou consequências negativas à pessoa, e deve ser considerado um vício quando o indivíduo não consegue parar com essa prática. Esse transtorno psicológico, ou ludopatia, pode causar comportamentos ansiosos, euforia, alto pico de energia, isolamento da vida social e das redes sociais, sinais de ansiedade, como sudorese, taquicardia e mãos trêmulas.
Ianny Luizy lembra que esses jogos foram feitos para que as pessoas percam, ou seja, quanto mais perdem, mais jogam para ganhar o que perdeu. Para atrair os apostadores, a estratégia usada pelos criadores desses jogos é investir em luzes, cores e sons, tornando essa sensação prazerosa e, literalmente, viciante. O tratamento para quem é viciado em jogos é muito similar ao realizado com quem é dependente químico e envolve diversas estratégias. Contudo, é possível também adotar algumas estratégias para reduzir gradativamente esse transtorno.
“É preciso tirar de perto todos os jogos que essa pessoa usa. Se for algo que ela ainda consiga controlar, podem ser criadas estratégias como a do elástico no pulso. Sempre que ela sentir vontade de jogar, ela puxa o elástico e isso causa uma dor e/ou desconforto, então seu cérebro associa essa dor ao jogo e a vontade de jogar vai diminuindo”, exemplifica a psicóloga.
Antigamente, era pouco comum ver e ouvir falar dos jogos de azar. O mais comum era o jogo do bicho, embora os locais para realizar as apostas fossem pouco divulgados. Com as redes sociais, isso se intensificou, especialmente porque muitos desses jogos contam com a divulgação dos influenciadores, que mostram uma maneira fácil de ganhar dinheiro e, quem está precisando. Para evitar esse ciclo vicioso de jogos, a recomendação da psicóloga é “não jogue!”.
“Sabíamos que tinham locais que faziam essas apostas, mas era algo mais velado. Hoje, com a internet, esses jogos estão aí, na palma da nossa mão. Os influenciadores estão lá, induzindo as pessoas a fazer algo e se tem alguém em uma situação financeira vulnerável e ociosa, ela vai baixar o aplicativo, vai jogar uma primeira vez e vai ganhar, ela acaba tentando novamente, perde e fica nesse ciclo para tentar recuperar o que perdeu”, reforça. É importante lembrar que existem jogos interessantes, como o RPG, que lida com estratégia e ajuda na socialização. Contudo, quanto aos jogos de azar, esses devem ser evitados.
“Não entre, pois, em algum momento, você vai perder muito dinheiro. Perceba o quanto isso está te afetando, se outras pessoas começarem a alertar, procure terapia, pois todo excesso esconde uma falta. Se você está excessivamente jogando aquilo, veja o que está faltando na sua vida que precisa resolver”, argumenta a psicóloga Ianny Luizy, para demonstrar que o problema pode ser resolvido.
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