Foto: CVV/Divulgação
Por Caroline Oliveira
O Piauí registrou uma taxa de suicídio de 11,83% em relação ao total de óbitos contabilizados no estado em 2021, segundo maior percentual do país, atrás apenas do Rio Grande do Sul, com um índice de 12,37%. Os dados são do boletim epidemiológico sobre o panorama dos suicídios e lesões autoprovocadas no Brasil, divulgado pelo Ministério da Saúde nesta segunda-feira (26).
O estudo, realizado com base em dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), o estado acumulou um aumento de 66,7% na taxa de suicídio nos últimos 11 anos. Só entre 2019 e 2021, em meio à pandemia da covid-19, houve uma alta de 11,9% desses casos. Além disso, o índice de mortes autoprovocadas piauiense manteve-se acima da média nacional neste período, que ficou entre 6,65% e 7,45%.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o suicídio tem sido reconhecido como um problema de saúde pública global, exigindo prioridade em intervenções. Mesmo com dados tão alarmantes, o tema ainda é considerado um tabu e carregado de estigmas, seja por questões culturais, religiosas ou até mesmo por medo e vergonha.
Para a psicóloga Adriana Lemos, falar sobre o assunto de forma correta é importante para salvar vidas.
“Precisamos falar sobre suicídio, a informação pode ajudar a salvar vidas. O fenômeno é complexo, mas um tema dessa magnitude não pode ser negligenciado, precisa ser debatido. A informação ética e responsável é, na verdade, uma aliada na prevenção e importante para evitar o chamado ‘efeito contágio’. O ideal aqui é evitar notícias sensacionalistas, atualizações sobre o fato, expor imagens ou vídeos, falar de causas, divulgar bilhetes e cartas do morto, local, modo, fazer julgamentos”, pontuou.
Ainda de acordo com a psicóloga, é importante que as pessoas se sensibilizem que não se deve compartilhar imagens que mostrem vítimas de suicídio. “Outro hábito a ser incorporado pela sociedade é não transmitir fotos, vídeos e notícias sobre suicídio pelas redes sociais e em grupos. A atitude que ajuda é o acolhimento, e não a especulação.”, disse.
A especialista pontua, ainda, que vários serviços podem auxiliar quem precisa de uma rede de apoio por conta de pensamentos suicidas. “É importante trazer informações em forma de serviço, como os locais que podem oferecer ajuda a quem está em sofrimento mental, como o CVV, ONGs e serviços públicos de saúde mental, rede de apoio profissional como psiquiatra e psicólogo. A comunicação adequada pode ajudar a salvar vidas e evitar o sofrimento de famílias”, finaliza a profissional.
Onde buscar ajuda?
O CVV – Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, email, chat e voip 24 horas todos os dias. A ligação para o CVV em parceria com o SUS, por meio do número 188, é gratuita a partir de qualquer linha telefônica fixa ou celular. Também é possível acessar www.cvv.org.br para chat, Skype, e-mail e mais informações